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Ovo vira símbolo da inflação dos alimentos que perturba o governo Lula

Forte demanda e a escassez da oferta têm forçado o aumento nos preços dos ovos, o que vem impactando o bolso dos consumidores

Perseguido pela alta inflação dos alimentos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê outro problema surgir com a “crise dos ovos”. Em janeiro, os preços da proteína chegaram a subir até 40% no mercado nacional. A forte demanda do produto e a escassez da oferta têm forçado o aumento nos preços dos ovos para o consumidor final.

Especialistas consultados pelo Metrópoles explicam que diversos fatores têm contribuído para a elevação dos preços dos ovos. Entre eles, destacam-se o aumento nos custos de produção, especialmente devido ao encarecimento do milho e da soja (essenciais na alimentação das aves), e às altas temperaturas registradas no início do ano.

Além disso, a quaresma — tradição do cristianismo, que começa após o Carnaval, período em que são praticados penitência, jejum e caridade — e o aumento no preço das carnes (avanços de 0,36% em janeiro e de 21,17% em 12 meses) ampliam a demanda por ovos.

O ovo é uma fonte completa de proteína

Mello destaca que esse cenário em mercearias e mercados norte-americanos “tornou a exportação de ovos mais atrativa do que a venda no mercado interno”, em razão da combinação da valorização do dólar e da demanda do mercado dos EUA.

Cerca de 18,4 mil toneladas de ovos foram exportadas em 2024, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Só em janeiro, os EUA importaram 220 toneladas — um crescimento de 22% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Embora em alta, as exportações de ovos têm efeito “nulo” sobre a oferta interna, ressaltou a ABPA. Segundo a associação, a venda da proteína para o exterior representa menos de 1% das 59 bilhões de ovos que deverão ser produzidos neste ano.

A ABPA atribui o aumento no preço da proteína:

À demanda natural da época — devido à quaresma, período em que, tradicionalmente, há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e ovos;

ao aumento no custo de produção nos últimos oito meses — com crescimentos de 30% no preço do milho e de mais de 100% nas despesas com insumos de embalagens; e

à alta das temperaturas em níveis históricos — o calor exerce impacto direto na produtividade das aves.

Em comunicado, a Associação Brasileira de Proteína Animal esclareceu que a alta observada no preço dos ovos trata-se de “uma situação sazonal, comum ao período pré e durante a quaresma”.

Mesmo com a influência desses fatores, o setor espera que o mercado de ovos se normalize até o final do período da quaresma — em 17 de abril —, com o restabelecimento dos patamares de consumo entre as demais proteínas.

Alta nos preços dos ovos é considerada “atípica”

O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, avaliou que a escalada nos preços dos ovos “preocupa” e é atípica. Segundo ele, a alta demanda pela proteína durante a quaresma tende a encarecer o produto.

“Agora, estamos diante de uma elevação muito mais forte e antecipada ao nosso ver”, afirmou Milan. “Estamos diante de um cenário atípico, que exige atenção redobrada”, alertou.

De acordo com a Abras, o preço dos ovos variou da seguinte forma em março de:

2022: teve aumento de  7,08%

2022: teve aumento de  7,08%

2023: registrou alta de 7,64%

2024: desacelerou em relação aos períodos anteriores, mas subiu 4,59%

Brasileiros seguem comendo mais ovos. Em média, cada pessoa consumiu 269 ovos no ano passado, conforme a Abras. Nos anos anteriores, o consumo da proteína foi de 242 ovos (2023), 241 ovos (2022), 257 ovos (2021) e 251 ovos (2020).

Segundo o economista e contador Marcello Marin, dados indicam que, “em fevereiro, a inflação dos ovos tende a ser mais acentuada em comparação a janeiro”. Na primeira quinzena deste mês, os preços dos ovos dispararam em várias regiões do país.

“O aumento no preço dos ovos impacta diretamente o orçamento das famílias, especialmente aquelas de menor renda que dependem dessa proteína como alternativa mais acessível às carnes”, ressalta Marin.